Para iluminar as estruturas da moda, o Fashion Revolution lançou ontem, dia 30 de novembro na sede da ABIT em São Paulo, a 6ª edição do Índice de Transparência da Moda Brasil (ITMB). O dia foi simbólico marcando também o início da COP 28 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ou Conferência das Partes – em Dubai.
Moda, clima e sociedade estão em pauta com cada vez mais vigor. O Índice, neste sentido, tem grande valor por levantar a importância da transparência como premissa da responsabilidade socioambiental e por ser um agente articulador, mobilizando diretamente as marcas de moda mais atuantes, promovendo pensamento crítico, diálogo e oportunidades para uma jornada coletiva de comprometimento com práticas positivas.
Como funciona o Índice?
O documento não analisa as práticas, mas como e o que as marcas estão publicando sobre seus processos produtivos, força de trabalho e diversos outros indicadores. Para cada país que o Fashion Revolution aplica o formulário, tópicos e recortes específicos podem acontecer. Este ano foram analisadas as 60 principais marcas de moda que circulam no Brasil, nem todas brasileiras, oito de esporte, dezesseis de varejo e todos os nossos clientes.
Foram avaliados 263 pontos referentes a cinco principais seções: Políticas e Compromissos; Governança; Rastreabilidade; Conhecer, Comunicar e Resolver e tópicos em destaque (Trabalho Decente, Igualdade de Gênero e Raça, Fornecimento e Materiais Sustentáveis, Superprodução e Modelos de Negócios, Resíduos e Circularidade, Água e Produtos Químicos, Crise Climática e Biodiversidade).
Coordenado por Isabella Iglio, o projeto começa com um convite às marcas que serão analisadas para que suas informações de domínio público possam ser interpretadas por especialistas contando com devolutivas construtivas. Este ano, metade das empresas participaram ativamente da pesquisa. Mesmo aquelas que optam por não ter envolvimento com o documento, entram no ranking de transparência. A percepção do time do Fashion Revolution é de que as empresas que se dispõem a colaborar apresentam melhores resultados e ganhos em pontuação ao longo das edições. Além disso, o grupo das primeiras participantes mostrou um salto de desempenho significante.
Pela abordagem técnica e colaborativa do projeto, fica evidente que o Fashion Revolution, um movimento ativista global e sem fins lucrativos, tem conseguido influenciar os principais atores da moda brasileira e empresas que têm o potencial de implementar importantes transformações no sentido da sustentabilidade (considerando o tripé meio ambiente, sociedade e economia).
Alguns destaques desta edição:
A seguir, destaques do novo Índice (com o recorte de pontos que tocam em alguns dos nossos mais recentes projetos de impacto positivo):
A pontuação média das marcas em 2023 foi de 22%. Segundo Isabella, o número parece baixo, mas representa uma evolução, já que teve um aumento de 5 pontos em relação ao ano passado. Dentro de Crise Climática e Biodiversidade, são investigados assuntos como Hiperconsumo, Economia Circular e Resíduos. Dados sobre resíduos e energia são os mais divulgados, 40% divulgam quantidade de peças produzidas por ano, 20% divulgam a quantidade anual de resíduos, 25% divulgam como investem em soluções circulares que permitam a reciclagem de peças (além da reutilização ou downcycling). Ainda, “apenas 8% das empresas divulgam a porcentagem de seus produtos projetados de forma a possibilitar a circularidade, contra 7% em 2022”. E, num contexto global, o Brasil está na dianteira com a maior pontuação em Rastreabilidade.
C&A e Renner entre os mais pontuados
Seis marcas passaram dos 60%. Nossos principais clientes continuam bem ranqueados e a cada ano aumentando seu compromisso público com a sustentabilidade. C&A lidera pelo sexto ano consecutivo com 70% e Renner ficou em quarto lugar, com 65%.
Reflexões e passos firmes para o futuro
O evento contou com a participação de parceiros e especialistas como Pamela Gervasio Botelho, coordenadora do Comitê Racial e da Diversidade do FR, que ressaltou a importância de olhar para as pessoas quando o assunto é sustentabilidade, lembrando também da escuta ativa nas empresas como uma forte ferramenta para equipes diversas e para a construção de mais “pertencimento”, termo que prefere no lugar de “inclusão”.
Marina Cançado, ex-sócia da XP Investimentos e cofundadora da ATO, encerra com a mensagem de que o projeto coletivo de todas as empresas depende da mudança de comportamento individual e de cultura na sociedade e que, sobretudo, é preciso abrir tempo e espaço para “transformações tectônicas”. Tudo como estratégia de negócios competitivos para um futuro com novas regras e valores.
Para acessar o relatório na íntegra, clique aqui!
Um detalhe do documento é que fomos mencionados com uma foto na Semana Fashion Revolution 2023 aqui na fábrica. Esperamos a próxima, em 2024, para reforçarmos nosso propósito de apostar numa moda justa e transformadora.